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domingo, 22 de janeiro de 2012

Planejamento Diversificado

Não há no universo duas coisas iguais. Muitas se parecem umas com as outra;mas todas entre si diversificam. Os ramos de uma só árvore, as folhas de uma mesma planta, os traços da polpa de um dedo humano, as gotas do mesmo fluido, os argueiros do mesmo pó, as raias do espectro de um só raio solar ou estrelar. Tudo assim, desde os astros do céu, até os micróbios no sangue; deste as nebulosas no espaço, ate os aljôfares do rocio da relva dos prados.
Rui Barbosa.

Com a preocupação e o dever de buscar caminhos, formas de intervenção na Instituição Escolar, que contribuam para superar as dificuldades da educação inclusiva e garantir uma educação de qualidade, o profissional da educação prevê a realização de ações integradas no conjunto da esfera do planejamento participativo com o envolvimento de todos. Nessa compreensão, a escola precisa:

“contribuir para desenvolver a tolerância em relação às minorias (...);
proporcionar abertura às outras culturas, a igualdade dos homens e
das mulheres, a participação democrática na vida política, a solidarie
dade para os menos favorecidos, a integração dos deficientes, o respei
to pelo meio ambiente, a defesa dos direitos humanos, a rejeição das
discriminações de todo gênero”.(Philipe Perrenoud,1994,p.21).


De certo Perrenoud, trata da abertura como um todo em uma visão global e dimensionada de forma a captar todas as culturas, a tão almejada democracia política, e a maior visibilidade com uma intensificação na participação do planejamento e se colocando nele como o autor e co-autor.
Freire (2000) ressalta o quanto significa a postura do educador frente ao educando e a sua repercussão em se tratando da afetividade com que se dispensa e da necessária reflexão sobre o assunto, diante disso o autor, aponta que ensinar exige respeito aos saberes do educando. E são esses conhecimentos prévios que são sondados pelos educadores logo após são diagnosticados as inferências necessárias e para tanto construído o planejamento.
Como afirma Libâneo (1994,p.68),”[...] o professor é um administrador e executor do planejamento, o meio de previsão das ações a serem executadas e dos meios necessário para se atingir os objetivos”. Se o profissional de educação em exercício não se diferenciar pelas suas práticas pedagógicas e ter o tempo necessário para as relações interpessoais, se tratando de alunos de inclusão, que tem uma demanda particular em termos de metodologia de ensino e de aprendizagem, não conseguirá atingir os seus objetivos.
Citando o documento de Cochabamba, no seu artigo 3º que trata da insubstituibilidade do professor para assegurar um aprendizado de qualidade na sala de aula, expressando também a necessidade de se repensar a formação dos professores, conforme indicado no documento:

A função e a formação docente necessitam ser repensadas
com um enfoque sistêmico que integre a formação inicial
com a continuada, a participação efetiva em projetos de
aperfeiçoamento, a criação de grupos de trabalho docente
nos centros educacionais e a pesquisa numa interação
permanente. (UNESCO,2001)

Não basta a promulgação de leis que determinem a criação de cursos de capacitação básica de docentes, nem a obrigatoriedade de matricula nas escolas da rede publica, são de fato medidas essenciais, contudo deixam uma margem a desejar, na atuação e na responsabilidade do profissional da educação. Desde o planejamento até a execução de suas aulas.
Sobre o próprio fazer pedagógico, os educadores precisam saber usar sua ação-reflexão, como instrumento para auxiliar em uma adaptação junto as possibilidades e as peculiaridades dos educando.
Tendo como reflexão Vygotsk:

[...] do mesmo modo que a criança em cada etapa
do desenvolvimento, em cada fase de sua, representa
uma peculiaridade qualitativa, uma estrutura especifica
do organismo e da personalidade, a criança com
deficiência representa um tipo peculiar,
qualitativamente distinto de desenvolvimento.
(Vygotsky,1989,p.6).

Essa reflexão deixa clara a necessidade de se ter o professor “generalista” do ensino regular, com um mínimo de conhecimento sobre o educando diversificado, e educadores “especialistas” nas diferentes necessidades educativas especiais.
Paulo Freire nos diz que ensinar vai muito além de transferir conhecimentos, segundo ele o educador deve:



Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando
entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, a
curiosidades, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e
inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de
transferir conhecimentos (FREIRE, 2004, p. 47).

Tal se confirma nas palavras de Freire, a importância de se estar fazendo o planejamento necessário para o publico alvo, com a flexibilidade necessária para atender com discrepância que encontramos dentro do espaço escolar e, por outro lado o complemento a eficácia, superando a exclusão através de oportunidades educativas adequadas.
Quando se fala em possibilidades existe nessa fala a pretensão de uma abertura, em que se ampliem os horizontes, levando em consideração o outro e, tudo que implica o ser humano. É muito importante se estabelecer o respeito pela produção do educando, avaliando sim, mas dentro de parâmetros que assegurem que essa avaliação é para tomada de posição em ações que venham suprir as necessidades e, não que repreendam e analisem como erros que não levam a aprendizagem.
Uma avaliação negativa é o que em muitos casos provocam a inibição, que castra o educando e acabem por impedir que suas verdadeiras habilidades e potencialidades venham a surgir ou se expandirem dentro das atividades previstas e ministradas em sala de aula.
O educador que se propõem ser aberto a todo tipo de indagações, deve estar preparado não só para o que é conveniente, o que esta integrado ao tema, mas também as questões que lhe fogem, se hoje não fazem sentido por ventura, no amanhã serão responsáveis pelo modo de articular do educando.
É no ensinar que se aprende, com isso se ensina e cria dessa forma um ciclo de conhecimento veiculado por informações pertinentes ou não ao assunto tratado em sala de aula ao conteúdo ministrado.

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