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domingo, 22 de janeiro de 2012

EXPERIÊNCIAS DE MESTRE

A formação do profissional está em permanente processo de construção. Ela é engendrada em diferentes momentos e espaços. Em que imprime no docente experiências, que são refletidas no seu ser e no seu desempenho, e tudo que lhe implica.
Antônio Nóvoa (1995) observa que a formação continuada deve possibilitar ao educador:


“a reconstrução de suas identidades, estimulando o
a uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça
aos professores os meios de um pensamento
autônomo e que facilite as dinâmicas de
autoformação participada. Estar em formação
implica um investimento pessoal, um trabalho livre
e criativo sobre percursos e os projetos próprios,
com vista à construção de uma identidade, que é
também uma identidade profissional”.
(Nóvoa,1995,pag.123)

Uma constante reconstrução é o que nos propõem a própria experiência instigando ao trabalho de observar, construir, aplicar, avaliar e então desenvolver. Mas para que seja autônomo o professor precisa que seu espaço seja respeitado por todos. E que para poder ser mestre tenha como investir na sua capacitação e possa também dispor de condições para se identificar como ser humano e como profissional.
Morin (2005) explicita a necessidade da introspecção, ter a prática mental do auto exame, estar pré disposto a mutua compreensão, ”o auto-exame crítico permite que nos descentremos em relação a nós mesmos e, por conseguinte, que reconheçamos e julguemos nosso egocentrismo. Permite que não assumamos a posição de juiz de todas as coisas”. (p.100)
A reflexão, ou melhor, o auto-exame é uma exigência, para a necessária mudança radical do modelo de formação e atuação do educador. A massificação dos sistemas de educação, a urbanização acelerada trazendo em seu contexto a favelização, as instituições que se modificaram com o tempo ou se inclinaram as divergências como a família, a igreja e a escola, trazendo novos desafios ao docente no seu trabalho.
Nas palavras do professor Ari Araujo Rodrigues, temos professores e professores. Na maioria das vezes somos presos ao passado. Não acompanhamos as inovações, modernidade e evolução dos tempos. Ainda somos profissionais que trabalham a reprodução de técnicas e idéias, nada se cria nada se transforma. Hoje devemos utilizar técnicas e idéias já formuladas para o aprendizado e delas criar novas formas e experimentos que contribuam para o desenvolvimento do conhecimento. A pratica docente no contexto atual deve ser mais ousada, diferente de tudo que já vimos até o momento. O professor tem que transformar sua sala de aula em um laboratório de ensaios e experimentos, ativando as idéias e criatividade dos alunos.
Que vem de encontro com Gadotti, “o professor seria essa árvore facilmente substituível, que coloca a função acima da pessoa, submisso ao papel social da profissão.” (Gadotti, 2004. pag.55)
O professor José Julio Badessa pondera que, o docente se tornou “empresário educacional”, o discente “clientela educacional”. Estamos em desequilíbrio, temos que adequar nosso perfil e “modus operandi” para atender a contento o novo “cidadão cliente” que tecnologicamente falando traz consigo um cabedal cibernético diferenciado. Corramos para alcançá-los.
Freire (1992) articula um objetivo para a educação em favor de uma sociedade mais justa e igualitária, de uma formação crítica e consciente aos educando. O que nos coloca a questionar a realidade vivida.
A professora Fernanda Thomazello Lopes Faria enfatiza o que realmente deveria ser mudado seria tornar os textos pedagógicos em realidade, onde os educando seriam mais autônomos e vivenciando experiências que muitas vezes nem pensavam em casa.
Que reflete a posição de Morin:
(...) a ética propriamente humana, ou seja, a
Antropo-ética, deve ser considerada com a
Ética da cadeia de três termos individuo/
Sociedade/espécie, de onde emerge nossa
Consciência e nosso espírito propriamente
Humano. (Morin,2005,pag.106)


Os novos desafios seriam para o professor Rodrigues, acompanhar a velocidade com que as informações chegam até as pessoas, acompanhar a evolução da ciência, tecnologia e humana. Aceitar que uma sociedade versada na ciência pode escolher qual vai ser o seu destino de forma responsável.
Conforme Nóvoa (1991), “Aqui reside toda a ambigüidade e toda a importância da profissão docente: agentes culturais, eles são também, inevitavelmente, agentes políticos.” (p.123-24).
Em se falando de desafios o professor Badessa coloca que é preciso compreender a dinâmica do ser humano como elemento de integração do conhecimento relativo à geração “Y”, geração esta que desafia os educadores de uma forma sem precedentes na historia da educação. Aprender a aprender, tentativas, erros e acertos, serão que nós educadores não temos esses “programas” em caráter de latência intrínseco ao nosso ser? Observamos a nós mesmos quantas surpresas surgirão...
É o que explica Gadotti:
“O educador é aquele que emerge junto com os
Seus educando desse mundo vivido de forma
Impessoal. Educar é tornar e tornar-se pessoa.
(Gadotti,2004.pag.50).

Para citar desafios a professora Faria cita que nos tornamos profissionais mais valorizados onde realmente passamos a base da formação, educação, ou seja, somos o alicerce de tudo e não poderíamos ser rotulados como incapacitados para tal.
Nessa perspectiva encontramos Freire (1992), que consegue condensar de uma forma simples, mas permeada de significados vários sentimentos no espaço do docente, para tanto o autor enfatiza a necessidade de uma reflexão crítica sobre a prática educativa, sem a qual a teoria pode se tornar apenas discurso e a prática uma reprodução alienada, sem questionamentos.

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